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22/08/2007 – 03h08

Ela quer, mas não sabe como doar leite
Em estudo da UnB, mulheres se queixam da falta de informação e acolhimento. Estoques nos bancos do DF estão baixos

Os bancos de leite humano da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF) iniciaram julho de 2007 com os estoques baixos. Em apenas um Posto de Coleta, por exemplo, havia 45 litros na reserva, bem menos que a média mensal de 70 litros. Mas o problema pode não estar relacionado com a falta de interesse das doadoras. Uma pesquisa feita pela Universidade de Brasília (UnB) mostra que elas têm dificuldade em encontrar informações adequadas sobre como doar o leite. “As mulheres ligam para o telefone geral do hospital em busca de orientação e são encaminhadas de setor em setor sem chegar ao local correto, que é o Banco de Leite Humano (BLH). No meio do caminho, muitas vezes, elas desistem”, afirma a nutricionista Lucienne Alencar, autora do estudo.

A pesquisa Doação de leite humano no Distrito Federal: aspectos psicossociais e experiências de mulheres doadoras é a primeira no país a abordar a questão pelo ponto de vista das mulheres. Segundo Lucienne, a marca principal dessas voluntárias foi o altruísmo e a persistência. Elas definem a doação como um ato de ajuda a outras mães e um benefício para os bebês. “Dôo leite para contribuir com a vida e com os prematuros que ficam no hospital. Penso no sofrimento das mães que não têm leite”, disse uma das entrevistadas citadas no texto. A dissertação foi defendida na pós-graduação do Instituto de Psicologia (IP) no segundo semestre de 2006 e orientada pela professora do IP Eliane Seidl.

Participaram do estudo 36 mulheres cadastradas em dois bancos de leite da rede pública do DF tidos como pólos de abrangência da região. Esse número correspondeu a 20% das 178 mulheres que doavam leite para um desses dois estabelecimentos, no período em que a pesquisa foi realizada. De modo geral, elas reclamaram da falta de acolhimento por parte dos profissionais que fazem a coleta do leite. “A primeira visita do BLH ao domicílio, com atendimento humanizado, é fundamental para melhorar o nível de informação da doadora e fortalecer o apoio social”, ressalta. Evidenciou-se, com a pesquisa, que existe a necessidade de aprimorar o suporte técnico, de acolhimento e de acompanhamento às doadoras. “Muitas mães, principalmente as de primeira viagem, sentem necessidade de trocar idéias e se informar sobre o que acontece com o leite doado. Algumas chegam a desconfiar que ele é jogado fora”, relata a pesquisadora.

Sem atenção – Por vergonha ou receio, as mães não tiram suas dúvidas com os profissionais que recebem em casa. A postura deles nem sempre é acolhedora. “São poucos os profissionais e muitas visitas a fazer. Por isso, estes não têm tempo hábil para dar a atenção que elas necessitam”, comenta Lucienne. Para ela, existe uma lacuna entre o discurso institucional e o que acontece na prática. “A SES poderia estudar a possibilidade de disponibilizar um profissional para fazer visitas periódicas às doadoras e tirar suas principais dúvidas”, sugere.

Outra medida que pode ser adotada para acolher melhor as mães e evitar as baixas nos bancos de leite são as campanhas educativas e de incentivo à doação. “Esse tipo de propaganda é muito comum para doação de sangue, mas para a de doação de leite também é necessária. Com apenas 1 ml de leite humano é possível suprir as necessidades nutricionais, por horário, de um prematuro”, relata a nutricionista.

Para ela, o pré-natal, o parto e o pós-parto são considerados momentos privilegiados para a sensibilização da importância de doar. É importante que os BLHs convidem as gestantes a visitar os bancos de leite e berçários e conhecer os futuros receptores do leite. Eles são geralmente bebês prematuros ou recém-nascidos de baixo peso que ainda não sugam, recém-nascidos com complicações sérias de saúde, com infecções, portadores de deficiência imunológica, portadores de alergia a proteínas e outros casos, a critério médico, que os impede de sugar e que precisam ficar internados na UTI Neonatal. Podem ser também filhos de mulheres que não produzem leite suficientemente, morrem no parto, apresentam câncer de mama, sofrem de depressão pós-parto ou apresentam algumas doenças infecciosas maternas, como por exemplo, portar o vírus HIV.

Marido e Mãe – As entrevistadas tinham entre 14 e 33 anos de idade e diferentes condições sociais e níveis de escolaridade. Para Lucienne, mesmo considerando que neste estudo não foram investigadas associações entre condição socioeconômica e aspectos relativos ao comportamento de doação, este último não pareceu sofrer influência relevante de variáveis socioeconômicas. A maior parte das mulheres era natural do DF (55,6%), casada ou vivendo com o companheiro (77,8%) e já tinha um filho (61,1%). A figura masculina cumpriu um papel importante para essas voluntárias: o marido ou pai do bebê – juntamente com a mãe das doadoras – foi a pessoa do convívio social que mais apoiava a doação, segundo relatos das entrevistadas.

Elas destacam como vantagens de doar leite, em primeiro lugar, o fato de executar um ato nobre. Em seguida, enumeram o alívio do desconforto pelo excesso de leite, a facilidade para o próprio filho mamar, o estímulo à produção de leite e os benefícios para a saúde delas e dos bebês. Apenas oito mulheres citaram desvantagens relacionadas à doação, como dar trabalho, tomar tempo, cansar, requerer paciência e disponibilidade física e emocional.

Lucienne fez uma vasta pesquisa bibliográfica e entrevistas com as doadoras. Para ela, é fundamental conhecer o perfil das doadoras e suas principais demandas, já que o ato é voluntário. A mulher tem de se mobilizar e, para isso, é importante sensibilizá-la. “Não dá para saber de antemão se uma mulher em idade reprodutiva e que deseje engravidar produzirá leite em quantidade suficiente para amamentar seu filho e o leite materno é fundamental para garantir a vida”.

Saiba mais
sobre doação de leite

A mulher percebe o excesso de leite quando o seio fica muito cheio, duro, intumescido e começa a incomodar. No DF, recomenda-se a ordenha manual. Para isso, a mãe deve ir a um ambiente tranqüilo, colocar máscara, touca e lavar as mãos com água e sabão e os seios com água corrente, para depois retirar o leite manualmente. A coleta deve ser feita em um pote de vidro de boca larga com tampa de plástico (tipo maionese e/ou café solúvel), que garante a estabilidade das moléculas do leite humano. Em seguida, o pote deve ser armazenado no congelador. O ideal é não colocar nenhum outro tipo de alimento no mesmo local, pois o leite humano absorve o cheiro de outras comidas. É recomendado à doadora, após cada ordenha, utilizar seu próprio leite ao redor do seu mamilo e aréola; esta é uma forma de protegê-lo contra rachaduras e infecções.

A voluntária também tem a opção de escolher de quanto em quanto tempo os profissionais do banco devem buscar os potes em sua casa. No entanto, esse período não deve ultrapassar 15 dias. Depois de coletado, o leite é pasteurizado, isto é, aquecido a uma temperatura de 62,5°C por 30 minutos e depois resfriado bruscamente no gelo, permitindo que seja estocado por até seis meses, a uma temperatura igual ou inferior a 10°C negativos. Vale a pena ressaltar que o leite também passa por exames microbiológicos e bacteriológicos para depois ser liberado para o consumo.
Não podem doar mulheres com doenças infecto-contagiosas (como Aids, por exemplo), as que fazem uso de bebidas alcoólicas, fumem ou tomem medicação contra-indicada. Para garantir o cumprimento dessa norma, no dia em que a mulher se cadastra no banco de leite, ela deve apresentar o cartão de acompanhamento do pré-natal, onde estão escritos todos os seus dados de saúde, além de passar por uma avaliação clínica.

Crédito da imagem: Fiocruz
(Envolverde/UnB Agência)

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Fonte: http://envolverde.ig.com.br/materia.php?cod=36232
Acessado em 25.08.07

Link atualizado: http://envolverde.com.br/portal/arquivo/?cod=36232

http://www.ecoeacao.com.br/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=3474

ENTREVISTA COM EXCLUSIVIDADE PARA A UNB/TV

http://www.youtube.com/watch?v=o6yB83gnxYU

Sem me comunicar, a Rede Record de televisão publicou a entrevista contida no link abaixo, no dia 15.08.07. Para isso, utilizou gravação da entrevista publicada no DF Record, do dia 02.08.07. Convém observar que durante a minha fala colocam que a entrevista comigo foi realizada em 07/07, o que é uma mentira. Agiram de má fé. Veja a reportagem: http://www.youtube.com/watch?v=bmK7yK3XGl8

Como tudo aconteceu (tenho os e.mails para provar a veracidade destes fatos):

Em 24/07/07 a Rede Record, por meio da Assessoria de Comunicação da UnB, procurou-me para fazer entrevista. Gravei em 01/08 reportagem com Jornalista João na BCE da UnB. Minha reportagem foi passada em 02/08/07 no DF Record à noite.
Rede Record Geral: 32123800
Isadora (jornalista) 81311681([email protected])
Redação 32123886
Editor Chefe: Flávio Figueiredo 32123871(trab.direto na sala dele)
e-mail:[email protected]
Outro contato: Jornalista Leandro ([email protected])

http://www.portalmedico.org.br/include/clipping/mostra_clipping.asp?id=41450
(publicado na internet em 07.08.07)

http://www.saude.df.gov.br/003/00301015.asp?ttCD_CHAVE=52465
(publicado na internet em 07.08.07)

http://www.ibvivavida.org.br/noticias.asp?id=3760
(publicado na internet em 07.08.07)

http://www.unb.br/noticias/bcopauta/index2.php?i=279
(publicado na internet em 07.08.07) , a versão impressa da entrevista foi publicada no jornal Correio Braziliense – Caderno Cidades, pg 34;nesta mesma data.

http://www.youtube.com/watch?v=p5QDsBSl3uU (publicado dia 02.08.07 na televisão programa DF/Record, entrevista)